Oiii!
Hoje é um dia mto mais que especial, para nós gaúchos e tradicionalistas. Hoje fazem 176 anos que começou a Revolução Farroupilha. Revolta essa que marcou pra sempre a figura do gaúcho e que nos orgulha até hoje!
Vou contar um pouquinho desse dia tão importante e dessa guerra tão importante pra nós!
Espero que gostem!
--> Recapitulando:
Os portugueses ocuparam as terras brasileiras que passou a ser Colônia Portuguesa. O mesmo Rei que governava Portugal, governava o Brasil, mas através de representantes.
Em 1750, assinam o Tratado de Madri, estabelecia que a Colônia do Sacramento ficaria com os espanhóis e as Missões com os portugueses.
Em 1777, José Pinto Martins, português, radicado no Ceará, vem para o Rio Grande do Sul, mais precisamente para Pelotas e região, onde instala a primeira charqueada, que por muito tempo foi a principal economia gaúcha, estabelecendo também no Uruguai.
Com a vinda da Família Real para o Brasil, a Colônia passou a ser governada, pelo Príncipe Regente Dom João VI. Ao retorno para Portugal, Dom João VI, deixou o governo do Brasil para o Príncipe Regente Dom Pedro.
Os portugueses perceberam que o Brasil poderia ficar independente e exigiram o retorno de Dom Pedro para Portugal. Porem, ele quis permanecer. No dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro, proclama ás margens do Rio Ipiranga, a Independência do Brasil. Agora o Brasil é uma nação livre.
Com a independência do Brasil, Dom Pedro I, passou a governar absolutamente e através de representantes nas províncias. Na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, ficou Francisco Xavier Ferreira.
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Chegada da Familia Real no Brasil |
--> Guerra nos Pampas:
Com a abdicação de Dom Pedro I, em 1831, os presidentes provínciais eram nomeados pelos regentes. Esses presidentes eram muitas vezes acusados de defender os interesses dos grandes fazendeiros do centro do país. Os pecuaristas gaúchos, por sua vez, não aceitavam, não ter autonomia política e para piorar, eles tinham de enfrentar a concorrência do charque uruguaio. O charque era a principal atividade econômica do estado. Além, de ter melhor qualidade, o produto platino era vendido a preços mais baixos que o charque gaúcho.
Fazendeiros, charqueadores, idealistas, começaram a conspirar contra o governo Central. Faziam reuniões nas lojas maçônicas, resolveram então estourar uma revolta para chamar atenção de governo Central, para si próprios e seus interesses.
Na surdina, no dia 20 de setembro de 1835, as tropas revolucionarias entraram em Porto Alegre, com objetivo da derrubada de Antônio Fernandes Braga, que partiu para Rio Grande com a família.
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Ponte da Azenha... Por onde passaram as tropas de Bento Gonçalves na tomada de Porto Alegre. |
O objetivo dos rebeldes, era ter posse das principais cidades da província. Porto Alegre (capital), Pelotas (produtor de charque) e Rio Grande (porto). Participaram da tomada de Porto Alegre, 400 farroupilhas e enfrentaram a fraca resistência de 270 soldados imperiais.
Porto Alegre permaneceu no poder dos farroupilhas até 15 de junho de 1836, quando foi retomada pelas forças do Governo Imperial, com a ajuda dos porto-alegrenses, que lutaram bravamente contra os farroupilhas.
Os principais comandantes rebeldes: Bento Gonçalves da Silva, Antonio de Souza Neto, Domingos José de Almeida, entre outros, eram adeptos das idéias republicanas de pensadores e revolucionários como: James Madison, Jean-Jacques Rousseau, Voltaire, Charles-Louis Montesquieu e Cesare Baccaria, freqüentavam as prateleiras das Bibliotecas particulares e também as lojas maçônicas onde as elites locais costumavam reunir-se para debater política. A idéia republicana estava muito madura no Brasil, nesta época.
Domingos José de Almeida Montesquieu Antonio de Souza Neto
Na Batalha do Seival, próximo ao rio Jaguarão, as tropas lideradas pelo General Antonio de Souza Neto, travavam com a tropa legalista, liderada por João da Silva Tavares, um dos combates mais importantes da guerra. Após está batalha, que ocorreu dia 10 de setembro de 1836, o general Antônio de Souza Neto passou uma das madrugadas mais longas de sua vida.
A longa conversa com o tenente-coronel Manuel Lucas de Oliveira e o coronel Joaquim Pedro Soares, emissários de Domingos José de Almeida, teve frutos. A proposta defendida por eles era proclamar uma republica no pampa, romper de uma vez por todas com o Império do Brasil e assim ter autonomia. General Neto, ainda relutou, mas acabou aceitando a proposta.
“-Camaradas! Nós, que compomos a Primeira Brigada do Exército Liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência dessa província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado Livre e independente, com o titulo de República Rio-Grandense, e cujo manifesto ás nações civilizadas se fará oportunamente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a Independência! Viva o exercito republicano Rio-Grandense!”
(Texto lido por Manuel Lucas de Oliveira, no dia 11 de setembro de 1836)
Sendo uma republica, precisava-se de uma bandeira e ela foi criada por decreto em 12 de novembro de 1836. É composta por três cores:Verde e amarelo: oriundos da bandeira nacional. Faixa Vermelha: cor dos gorros dos escravos libertos na Roma Antiga. Foi resgatada como símbolo na Revolução Francesa, no final do século XVIII, que inspirou os revolucionários.
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Bandeira da República Rio-Grandense |
Os principais chefes da guerra, foram presos na batalha na Ilha de Fanfa: Bento Gonçalves, Onofre Pires, Pedro Boticário, Corte Real e Tito Lívio Zambecari, foram mandados para o Forte da Lage, no Rio de Janeiro. Só restando à força de Neto, o Império garantia que a rebelião já estava acabada. Nesta batalha, também, deu inicio ao famoso dito, de que Bento Gonçalves era um ótimo guerreiro, líder nato, excelente estrategista, mas não tinha sorte na guerra.
Mesmo preso, Bento Gonçalves da Silva é eleito Presidente da Republica Rio-Grandense. José Gomes Jardim, foi o escolhido para assumir o cargo, de Bento, já que ele estava preso. Três dias depois, a mesma câmara escolheu Piratini como a capital do novo país.
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Batalha na Ilha de Fanfa |
No ínicio de 1837, a República Rio-Grandense recebe mais um aliado, o italiano Giuseppe Garibaldi, com toda a sua tropa e seus homens de confiança. Antes de ir para o Rio Grande do Sul, Garibaldi, foi visitar Bento Gonçalves na prisão, no Rio de Janeiro, onde recebeu uma Carta de Corsário, que permitia que Garibaldi abordasse qualquer navio e pegasse todo o seu conteúdo, em nome da republica. Em seguida desta visita, Bento Gonçalves, foi transferido para o Forte do Mar, em Salvador (BA), que era considerado o mais bem equipado da época e considerado de segurança máxima.
Mesmo preso, Bento tinha uma influência tão grande no meio maçônico, no qual ele fazia parte. Essa organização iria lhe facilitar a fuga da prisão, em setembro de 1837.
Guiseppe Garibaldi
Ao dar a Carta de Corsário a Giuseppe Garibaldi, Bento Gonçalves deu ordens ao italiano para construir dois barcos. Dois meses depois, dois barcos estavam prontos, o Rio Pardo e Independência. Infelizmente, em uma das suas excursões pela Laguna dos Patos, Garibaldi perdeu os barcos. E desde de 1837, a República Rio-Grandense tinha interesse em expandir a republica para Laguna, no atual estado de Santa Catarina. Assim teriam o tão sonhado porto, que a republica tanto precisava. Mas, teriam um grande problema: como sair com barcos do meio da campanha? Garibaldi teve uma idéia.
“-Não existe a menor dificuldade na expedição por mar a Laguna. Mande-me, general, alguns carpinteiros e a madeira necessária para a construção de oito grande rodados e duzentas juntas de bois, para a tração das rodas e eu farei transportar os lanchões até Tramandaí, se Deus quiser.”-disse Garibaldi.
Em julho de 1839, os rio-grandenses que viram a cena, naquele inverno de indefinições na Revolução Farroupilha, ficaram pasmos: dois barcos deslizavam-se sobre rodas de carretas, nos campos e nos banhados do Litoral norte, tracionados ao passo lendo de 200 bois. Para carregar o Seival, com suas 12 toneladas e o Farroupilha com suas 18, o italiano mandou construir oito enormes rodas de madeira revestida com couro cru, que foram acoplados a eixos para sustentar os barcos. De 5 á 11 de julho de 1839, os barcos rio-grandenses percorreram 80,4 quilometros ou 50 milhas de campo e banhado que separavam o rio Capivari da barra de Tramandaí, onde Seival e Farroupilha foram lançados ao Oceano Atlântico, para seguir rumo a Santa Catarina.
Travessia dos Lanchões : Seival e Farroupilha
Em 22 de julho, Davi Canabarro ocupou Laguna, após uma triunfante entrada pelo rio Tubarão, sendo recebido como “irmão e libertador”. O comandante imperial, Coronel Vicente Paulo de Oliveira Vilas Boas, bateu em retirada, deixando 17mortos e 77 prisioneiros. Os farroupilhas alastraram a revolução, anexando Santa Catarina. No dia 29, Canabarro proclamou a República Juliana, com a capital em Laguna. Juliana, por ter sido proclamada no mês de julho. Agora, finalmente a República Rio-Grandense teria a tão sonhado porto.
Davi Canabarro Naufragio do Farroupilha, comandado por Garibaldi
Nessa epopéia, Giuseppe Garibaldi conhece a figura de Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita. Por ela se apaixona, por suas qualidades, por ser corajosa, forte e destemida. Anita na época era casada com o sapateiro, 14 anos mais velho, Manuel Duarte de Aguiar. Ela deixou o casamento, mal sucedido, para seguir ao lado de Garibaldi, onde quer que ele fosse.
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Anita Garibaldi |
A República Juliana, como a República Rio-Grandense, foi proclamada impulsivamente, sem muitos pesares, o que originou muitos problemas. Um deles foi o abuso de poder, Canabarro ordenava que os soldados farrapos, saqueassem as casas atrás de alimentos, bebidas e muitas vezes mulheres, para o exercito farrapo. Isso começou a causar indignação na população que passou para o lado dos imperiais. Cem dias depois da proclamação da República Juliana, eles foram postos para fora da cidade pelos imperiais fortemente armados. Canabarro, Teixeira Nunes, Garibaldi, Anita (grávida) e os homens que sobreviveram ao conflito, deixaram Laguna em direção ao Rio Grande.
Saída de Garibaldi de Laguna com Coronel Joaquim Teixeira
Anita nos braços Nunes
O ano de 1839, foi marcado por vários fracasso para os farroupilhas, mas nenhum seria tão marcante quanto o combate a vila de São José do Norte, no dia 16 de julho de 1840.
Sob uma forte tempestade e protegidos pelas dunas que cercavam a vila, um exército de 1.200 farrapos avançou silenciosamente sobre as fortificações. O ataque, só foi descoberto quando o sentinela do segundo forte deu alarme.
“-Eram duas horas e meia da noite quando já não se viam mais inimigos a nossa frente”- disse Bento Gonçalves, anos mais tarde.
A partir daí, segundo alguns historiadores, pelo menos, tem duas versões, uma de Garibaldi e a outra de Bento Gonçalves explicando como a tempestade daquela noite se virou contra os farrapos e o futuro da república.
Em registros, Bento Gonçalves atribuiu a chuva torrencial, que danificou as armas de fogo, a necessidade de esperar o dia raiar para desferir o ataque final ao último forte. Neste meio tempo, porém, o paiol do Forte do Imperador, o maior dos três tomados pelos farrapos, explodiu matando vários soldados e chamando atenção dos navios atracados em Rio Grande, que atravessaram o canal para socorrer as tropas situadas e deram inicio a um intenso bombardeio sobre os farroupilhas.
Garibaldi, por sua vez, atribuiu o fracasso do ataque final ao fato das tropas terem subestimado o inimigo.
“-Nossos soldados, presumiram que aquela estava ganha, famintos começaram a saquear as casas e encheram a população de pavor.”-disse Garibaldi.
Quando os imperiais começaram contra-atacar, a maioria dos soldados haviam desaparecido.
“-Quando alguns eram encontrados, via-se que estavam entertidos com seus espólios ou bêbados ou então com seus fuzis quebrados ou avariados de tanto que haviam violentados e rompidos as portas daquelas casas”- descreveu Garibaldi.
O pouco que retratou da tradição oral sobre a batalha apóia a versão de Giuseppe Garibaldi. Sem poder contar com as armas de fogo e sem meios de tomar o forte apenas com armas brancas, nem como fazer frente ao fogo dos navios, parecia não restar alternativas aos farrapos senão incendiar a vila para forçar a rendição.
Diante do dilema de queimar a vila e conquistar seu objetivo ou poupar os civis, Bento Gonçalves não vacilou.
“-Os horrores e as conseqüências que este método de guerra destruidora traz consigo, as vitimas inocentes que deveriam partilhar a mesma sorte dos culpados fez estremecer no coração, a voz da humanidade falou aos meus ouvidos e mandei tocar em retirada a uma hora da tarde.”-descreveu o general farroupilha.
Enquanto a decisão de Bento passou à história como o melhor exemplo de seu caráter, a partida dos farrapos marcou não apenas o fim de um combate, mas também o inicio da derrocada República Rio-Grandense, que sem saída para o mar acabaria sufocada na região da Campanha.
“-O mais retumbante dos triunfos, havia se transformado, na maior humilhante das retiradas.”
Assim Garibaldi registrou o trágico desfecho da tomada de São José do Norte. A última batalha em que participou. Depois dessa retirada, Garibaldi e Anita, se desligaram da revolução e seguiram para o Uruguai.
Nesta fase da guerra, começaram as famosas intrigas e uma das grandes envolveu o presidente Bento Gonçalves e seus acordos “escondidos”, com o Uruguai. Bento havia assinado um acordo com o presidente do Uruguai. Este acordo consistia em ajuda para sustentar a guerra. O Uruguai iria fornecer armas, munição e alimento para o exercito. Os farroupilhas, que não estavam sabendo, se sentiram excluídos e enganados, então começaram a acusar Bento de mentiroso. Em 1843, entretanto, resolveu renunciar ao cargo de presidente, desgostosos com essas divergências que começaram a surgir entre os farrapos. Passou a presidência a José Gomes Jardim e o comando do exercito a Davi Canabarro, assumindo, então, o comando das tropas. As divisões entre os revolucionários terminaram por resultar em um desagradável episódio. Informado que Onofre Pires, outro líder farrapo, fazia-lhe acusações dizendo, inclusive, que ele era ladrão, Bento o desafiou para um duelo, no inicio de 1844. Onofre Pires foi ferido, e morreu dois dias depois devido a uma gangrena.
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Duelo entre Onofre Pires e Bento Gonçalves |
Desde 1842, Luis Alves de Lima e Silva, era o comandante militar imperial, ele tinha um método de governar bem diferente. Obtia a confiança dos revoltosos e armava emboscadas por trás. Bento Gonçalves, iniciou as negociações de paz com Caxias, em agosto de 1844. O acordo consistia em dar vantagens básicas exigidas pelos fazendeiros gaúchos, questões militares e que os escravos fugitivos que lutavam ao lado dos farroupilhas teriam direito á liberdade. Durante muito tempo, esta última questão foi muito discutida, tanto pelos imperiais, que não aprovavam que negros fossem soldados, quanto pelos lideres farrapos, que em sua grande maioria eram charqueadores e precisavam que a sociedade continuasse escravagista, para que continuassem a vender seus produtos.
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Luis Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias. |
Na madrugada de 14 de novembro de 1844, os 1,2 mil farrapos, sob o comando de Davi Canabarro ressonavam, no acampamento de Cerro dos Porongos, entre Piratini e Bagé. Aparentemente, estava tudo tranqüilo, a paz era eminente e as tropas farrapas estavam tranqüilas, pois o comandante Luiz Alves de Lima e Silva, havia assegurado que não teriam mais confrontos.
O Francisco Pedro de Abreu, oficial do futuro Duque de Caxias, atacando com 1.170 praças, o acampamento de infantaria negra, que fora desarmada naquela noite por ordem de Canabarro. Para pegar os farroupilhas de “surpresa”, o astuto Moringue marchou 4 noites seguidas exigindo que os soldados abafassem o tinir de freios e não fumassem. Encurralados, os farrapos, não conseguiram evitar o desastre: 100 mortos e 300 prisioneiros.
“-... tomando-lhe o estandarte da República, toda a bagagem, todo o armamento de infantaria, e muito de cavalaria, toda a munição de guerra, e mais de mil cavalos, desses 500 arreados.” (Moringue- em carta ao comandante Lima e Silva)
Antes que a manhã acabasse, o acampamento havia sido dizimado e os corpos de cem farrapos, 80 deles integrantes o 1º Corpo de Lanceiros Negros, recobriam o cerro e os campos a sua colina.
A vitória legalista abalou os farrapos e até hoje não ficou bem explicada. Como o esperto Davi Canabarro, se deixaria apanhar dormindo? Parte da culpa recaiu em Maria Francisca Duarte Ferreira, a Chica Papaguaia, que estaria entretendo o comandante rebelde dentro de sua barraca. Dizem que a Chica Papaguaia, teria enfeitiçado pelos seus encantos de moça de 17 anos.
“-... Seu encanto maior estava nos olhos, uns olhos negros, rasgados, profundos, acariciantes. Na boca, os lábios úmidos e vermelhos, trazia um constante sorriso, acolhedor e amável.” (Texto que define os encantos de Chica Papaguaia.)
O triunfo de Moringue apressou as negociações de paz. Os farroupilhas estavam desgastados. Luiz Alves de Lima e Silva, que acabava de assumir a presidência da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, dispunha de aproximadamente 13 mil soldados, quatro vezes maior do que os rebeldes. Nesta batalha, também morreu o Coronel Joaquim Teixeira Nunes, comandante do Corpo de Lanceiros Negros.
Davi Canabarro, ainda levou muito tempo para esclarecer essa história e até hoje muitas pessoas ainda dizem que foi um combate combinado, pois o seu objetivo era exterminar os negros, já que esse era o maior impasse para o acordo de paz.
Ao negociarem o final da guerra, Caxias esconde do Império alguns pontos e Canabarro não revela tudo aos farrapos.
Gravadas num obelisco de granito, á beira de uma estradinha de terra, a 38km de Dom Pedrito, lêem-se estas palavras.
“-Nestes campos de Poncho Verde, em 1º de março de 1845 os defensores do Império e os republicanos de Piratini asseguraram a unidade nacional, com a pacificação do Rio Grande do Sul.”
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Obelisco em Dom Pedrito |
Não foi uma paz simples de alcançar. Um dos impases: o Império queria negociar uma anistia, o que os farrapos rejeitavam, estes desejavam um tratado de paz, mas o governo central recusava, com o argumento de que tratados se faziam entre países, e a republicas dos rio-grandenses não era reconhecida.
Ao que tudo indica, hábil Caxias utilizava uma linguagem dupla: uma que satisfizesse os brios e os interesses dos chefes farroupilhas e outra que evitasse condições inaceitáveis pelo Império. Uma das condições seria não haver um acordo assinado em conjunto, Caxias assumiu o compromisso de fazer cumprir as concessões acertadas em Poncho Verde, e evitou que se terminasse a luta com características de uma deposição de armas acintosa.
Os principais pontos de acordo foram:
*os rio-grandenses indicariam o novo presidente da província – o próprio Caxias;
*o Império pagaria todas as duvidas do governo republicano;
*os oficiais republicanos seriam incorporados ao exercito imperial nos mesmos postos, exceto os generais;
*eram declarado livres todos os escravos que tinham lutado nas tropas republicanas. (Mas muitos ex-escravos negros, voltaram para seus “senhores”);
*seriam devolvidos à província todos os prisioneiros de guerra;
*os oficiais e soldados que tivessem aderido aos rebeldes seriam anistiados e reincorporados;
*o Império demarcaria definitivamente a fronteira com Uruguai;
-->Balanço da Guerra:
*A revolução durou 11 meses e 22 dias;
*A guerra durou 8 anos, 5 meses e 11 dias;
*Foram 118 confrontos ou refregas, ocorrendo um empate técnico entre farroupilhas e imperiais;
*No balanço dos mortos, no entanto, os revolucionários perderam:
-1.826 cadáveres farrapos;
-950 cadáveres imperiais;
-->Conclusão:
A Guerra, foi uma maneira que os grandes estancieiros, intelectuais, que haviam perdido a autonomia na Província, encontraram para chamar atenção e assim, também, ganhar confiança da população e obter vantagens para manter a guerra. Apesar de defenderem, a abolição, eles não eram abolicionistas de verdade, já que em sua grande maioria eram charqueadores e precisavam da escravidão para continuar seus negócios.
O que mais me intriga que mesmo estando interessados, desta forma, é a ousadia desses homens. Mesmo não tendo a intenção de separar o Rio Grande do Sul, do Brasil, eles tiveram a audácia de formar, aqui, um estado livre, com bandeira, hino e capital distinta. E sustentaram essa “ousada” façanha, por quase 10 anos.
Por isso, seus ideais, tão “romanticamente” traduzidos em danças, poemas, musicas e vestimentas, são tão fortemente preservados por crianças, jovens, adultos e idosos, nos quatro cantos do estado. Sem esquecer que mesmo sendo um jogo de interesses, essa guerra mudou para sempre a visão que as pessoas tinham e que nós tínhamos de nós mesmos. O gaúcho hoje é respeitado, graças aqueles que muito pelearam sobre patas de cavalos o tilintar de espadas e roupas esfarrapadas.
Catarine Dias Furtado
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CTG Aldeia dos Anjos - Gravataí 1ª RT |
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Prendinhas Mirins |
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União Gaucha João Simões Lopes Neto - Pelotas 26ªRT | |
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CPF Piá do Sul - Santa Maria 13ªRT | | | | | | | | |
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CTG Rincão dos Xucros - Pelotas 26ª RT |
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BY: Catarine Furtado